Emily Yegros Ortega
Franco Rovedo
Emily chegou a Curitiba em 1958, vinda de São Paulo onde havia feito o curso de paraquedismo no aeroclube daquela cidade, no ano anterior. Foi a única mulher que se formou naquela turma de dezesseis alunos. Por este feito, ganhou um paraquedas Switlik B-8 diretamente pelas mãos do presidente do Paraguai, Alfredo Stroessner, além da honrosa condecoração por ser a primeira paraquedista daquele país.
Sua paixão por voar ia além do paraquedismo. O novo desafio seria ser piloto e seguir os passos de Ada Rogato, a intrépida aviadora brasileira de tantas façanhas. Para isso, o governo paraguaio concedeu uma bolsa de estudos a ser utilizada em Curitiba. Assim, passou a ter lições de voo e fazer demonstrações de saltos de paraquedas, uma novidade só vista em 1932 por ocasião da inauguração do Aeroclube do Paraná e breves treinamentos militares.
Em uma de suas apresentações, em 7 de junho de 1959, saltando de 10 mil pés a partir de um avião Cessna 175, assustou os espectadores comandando o paraquedas a oitenta metros do solo. Era um recorde em uma época em que quanto maior o retardo, maior era a proeza, negligenciando-se a segurança. Esta marca foi atingida justamente em seu primeiro salto comandado e usando um paraquedas condenado. Várias cidades a convidaram para fazer um salto de exibição. Além da coragem, seu carisma e simpatia lhe rendiam assédio da imprensa e propostas de casamento das jovens águias locais.
Em uma apresentação em Itajaí-SC, Emily foi levada pelo vento para longe do alvo indo cair dentro do rio Itajaí-açu. O pesado equipamento da época e a dificuldade de se desequipar fizeram-na afundar e permanecer por três minutos embaixo d’água. Foi retirada por pescadores desacordada e ressuscitada após procedimentos de emergência. Passou alguns dias no hospital e retornou a Curitiba onde precisou de mais algum tempo de repouso devido a gravidade do acidente.
No resgate, o paraquedas de Emily ficou parcialmente destruído o que levou a paraquedista a solicitar uma ajuda de custos para o aeroclube. Infelizmente a ajuda foi negada por falta de fundos. O Aeroclube do Paraná passava por um complicado momento de insegurança política havendo trocado três vezes de diretoria em menos de um ano. Entristecida pelo que pareceu descaso e ingratidão, Emily deixou de saltar em Curitiba.
Emily formou-se piloto e voltou para São Paulo decidida a tentar quebrar o recorde da modelo francesa Colette Duval, que havia feito um salto de 12 mil pés no Rio de Janeiro. O fato de ser paraguaia a impediu de homologar seus recordes no Brasil.
Emily casou-se e teve um casal de filhos e vive hoje em Marília-SP. Sua história será lembrada como a primeira paraquedista a saltar pelo Aeroclube do Paraná, portanto, uma verdadeira Albatroz.
DAC Licença 8426 3l.7.58
Patente Nac.de nro.218 – 1961 Av.Civil
Ermiliana Yegros Ortega